Mário Lago, compositor, ator, poeta, escritor e radialista, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 26/11/1911 e faleceu em 31/5/2002. Filho único do maestro Antônio Lago, foi aluno do Colégio Pedro II de 1923 a 1926, ano em que publicou seu primeiro poema, Revelação, na revista Fon-Fon.
Concluiu o ginasial no Curso Superior de Preparatórios e bacharelou-se em direito em 1933, exercendo a advocacia apenas por três meses. Nesse mesmo ano começou a escrever revistas para teatro - Figa de Guiné e Grande estréia, ambas com Álvaro Pinto.
Como letrista, estreou, em 1935, com
Menina, eu sei de uma coisa (com
Custódio Mesquita), marcha gravada por
Mário Reis, no ano seguinte. Com o mesmo parceiro fez o fox-canção
Nada além, sucesso nacional, em 1938, na voz de
Orlando Silva, e uma série de músicas compostas especialmente para revistas encenadas pela Companhia Casa de Caboclo e pela Companhia Tró-ló-ló.
De 1938 a 1940, trabalhou como funcionário público, chegando a chefe de seção de estatísticas sociais e culturais do Departamento de Estatística do Estado do Rio de Janeiro; foi nomeado membro do conselho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mas não tomou posse.
Lançou-se como compositor com a valsa
Devolve, gravada por
Carlos Galhardo em 1940, ano em que apresentou também, em gravação da dupla Joel e Gaúcho, uma de sua mais famosas composições,
Aurora (com
Roberto Roberti), sucesso no Carnaval do ano seguinte e que obteve mais tarde repercussão internacional, graças à interpretação de
Carmen Miranda, que a incorporou ao seu repertório básico.
Em 1942 estreou como artista de teatro na peça
O sábio, encenada pela Companhia Joraci Camargo. Compôs com
Ataulfo Alves sambas famosos, como
Ai, que saudades da Amélia (1942) e
Atire a primeira pedra (1944). Começou a trabalhar em rádio, em 1944, na Pan-Americana, de São Paulo SP, passando desde então por diversas emissoras cariocas e paulistas: Nacional, do Rio de Janeiro (de 1945 a 1948), Mayrink Veiga (1948), Bandeirantes, de São Paulo (1949), e novamente Nacional (1950).
Em 1953 compôs com
Chocolate outro grande sucesso,
É tão gostoso, seu moço, gravado por Nora Ney. Foi responsável pela produção de vários programas e novelas, como
Lendas do Mundo,
Romance Kolynos e a novela
Presídio de mulheres, irradiada durante cinco anos. Em 1951 produziu na Rádio Nacional o programa
Doutor Infezulino e mais tarde criou a figura do "Jacó de uma palavra só", no programa
Largo da Harmonia, que se tornou bastante conhecido.
Estreou na televisão no programa Câmera Um, na TV-Rio, em 1954. Como ator, em 1966 foi contratado peia TV Globo, na qual trabalhou em várias novelas, como
Cuca legal, Pecado capital, O casarão e
Brilhante, numa carreira de mais de 30 anos. Publicou, em 1975, pela Editora Civilização Brasileira, uma obra de pesquisa folclórica intitulada
Chico Nunes das Alagoas. Além de Orlando Silva e Carlos Galhardo, teve suas músicas gravadas por
Francisco Alves, Ataulfo Alves, Nora Ney, Jorge Goulart e
Deo.
Publicou os livros:
Na rolança do tempo (1976) e no ano seguinte a seqüência,
Bagaço de beira-estrada, ambos pela Editora Civilização Brasileira, Coleção Tempo e Contratempo, Rio de Janeiro; e
Meia porção de sarapatel (1986), Editora Rebento. Em 1991, seus familiares publicaram o livro
Segredos de família, homenagem aos seus 80 anos de idade.
Em 1997 foi publicada sua biografia:
Mário Lago - Boêmia e política, de autoria de Mônica Veloso, Editora Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro. No mesmo no, Gilberto Gil homenageou-o com o lançamento da música
O mar e o lago (letra de 1985). Houve ainda a estréia do espetáculo
Causos e canções de Mário Lago, no Teatro Café Pequeno, no Rio de Janeiro, dirigido por Mário Lago Filho.
Mário foi contratado e atuou por mais de 30 anos na Globo - em mais de 30 telenovelas -, e recebeu várias vezes o prêmio de Melhor Ator.
Também foi ator de cinema, em mais de 20 filmes. Representou no teatro até o fim da sua longa vida - subiu pela última vez no palco em janeiro de 2002. Nunca deixou de compor - somou cerca de 200 músicas gravadas -, nem saiu do Partido Comunista.
Em sua última entrevista ao Jornal do Brasil, declarou: "Vivi. Essa é a coisa principal que fiz".
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira.